como você trata a si mesmo quando não consegue acertar?

pela primeira vez, convidamos uma especialista para compartilhar suas reflexões valiosas com a gente por aqui.

TAMYRIS MELO, psicóloga clínica e mentora, criou um texto incrível que aborda um tema essencial para empreendedores: autocompaixão. se você já se criticou demais ou se sentiu sobrecarregado com suas próprias expectativas, esse artigo é para você!

como você trata a si mesma quando não consegue acertar?

antes de tudo vou me apresentar: me chamo TAMYRIS MELO, sou psicóloga clínica e mentora de psicólogas que querem vender seus serviços através do posicionamento digital, mas não somente isso…

na escola, sempre fui “a aluna número 1”, “que só tira 10”, “a que termina a prova primeiro”, “a primeira da fila” e “o destaque nas apresentações”. me lembro como se fosse hoje, um bendito menino chegou na minha sala e derrubou meu castelinho de perfeições entregando a prova de mim. (por que????). me lembro de me sentir tão burra, do meu olhar o seguir com ódio, e olha que eu tirei nota máxima (oi?), mas eu não tinha sido a primeira (como pude fracassar terrivelmente desta forma?).

percebe o quão distorcida eu estava no meu autojulgamento? onde existia uma ligação direta entre uma criança fazer algo mais rápido que eu, e eu ser uma fracassada?

a vida continuou, eu sobrevivi… anos se passaram (muitos episódios parecidos aconteceram) e eu entrei na faculdade.

algumas experiências me renderam várias crises de ansiedade, mas a minha vivência, a aproximação com a psicologia, e o autoconhecimento, me trouxeram mudanças. me recordo que próximo ao final da graduação, havia uma avaliação chamada 360 graus (onde todo mundo avalia todo mundo, acaba em briga, intriga, ruínas, fim de amizade, etc.) no meu grupo de estágio, e um dos tópicos de avaliação era seu nível de autocrítica.

lá estava eu, sempre com 10. as pessoas pensavam: mas que astúcia, nariz em pé, metida, se dar 10?. mas, depois de muita terapia e autoconhecimento, realmente desenvolvi uma boa autocrítica (não passar a mão na minha própria cabeça quando eu errava me ajudava a melhorar).

na minha profissão, é comum que eu receba mensagens de pessoas que se criticam demais ou têm um pensamento engessado, principalmente porque a maioria dos meus pacientes no consultório são profissionais de saúde e empreendedoras.

compreendo que o primeiro passo para parar de se sabotar é ter AUTOCOMPAIXÃO, ou seja, se aceitar como você é, aceitar que a imperfeição existe e que as coisas não estão sob o seu controle o tempo inteiro. só depois dessa aceitação é que o processo de mudança acontece.

a autossabotagem implica em várias crenças limitantes, e quando isso acontece você passa a viver no auto criticismo, não enxerga possibilidades de mudança, repete padrões negativos e adoece.

se enxergar de uma forma compassiva é libertador, e é isto que quero pra você: que se sinta livre para viver e não apenas reproduzir as situações que já te aconteceram.

mas então, o que é autocompaixão? e o que não é?

a autocompaixão é a habilidade (veja que eu não disse dom, então estamos aqui para desenvolvê-la) de lidar com nossos fracassos com uma postura compreensiva. é ser gentil com você mesmo quando algo dá errado.é reconhecer e aceitar imparcialmente emoções dolorosas no momento em que elas surgem.

o que a autocompaixão faz é não medir o seu valor como pessoa pelo seu erro momentâneo. a sua primeira empresa deve ser a sua vida, e se você não for gentil consigo mesmo, essa empresa será o reflexo de algo rígido, sem flexibilidade, e muito perto de quebrar.

aqui vai uma dica prática:

anote as coisas que você diz pra você mesmo num dia ruim e provavelmente ficará chocada ao ler em um dia em que não passou por eventos estressantes.

preste bem atenção: autocompaixão não é autoindulgência! muitas pessoas que se criticam de forma exacerbada, tendem a pensar que estão “passando pano” para si mesmas.

autocompaixão não é ser negacionista:

  • o negacionista diz: “ah tudo bem, esse projeto nem era tão importante”.
  • o auto compassivo diz: “eu me esforcei, planejei, todo mundo erra alguma vez, mas eu preciso fazer algo para melhorar… quais são as possibilidades?”

você sabia que ser empático consigo mesmo diminui o nível de estresse e a procrastinação?

vamos praticar um pouco:

  1. pense em uma situação que você considera ter te causado sofrimento;
  2. escreva o que aconteceu, sem criticar, apenas contando os fatos e quais foram os seus sentimentos, sem julgamentos.
  3. agora, escreva o que você diria a um amigo que estivesse passando por essa situação.

 

lembre-se: você é forte quando reconhece que o sucesso verdadeiro começa com o equilíbrio interno.